O cantor, compositor e escritor Chico Buarque finalmente pôde receber, nesta segunda-feira (24), o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, concedido pelos governos de Brasil e Portugal.
Chico havia sido agraciado em 2019, porém Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação necessária para a entrega do diploma. Com a visita de Lula a Portugal, foi feita justiça ao artista.
“É uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura. O Prêmio Camões deveria ter sido entregue a Chico Buarque em 2019 e não foi”, disse Lula (veja trecho abaixo e a íntegra da cerimônia no fim da matéria).
“Sabemos por quê. O ataque à cultura foi dimensão importante do projeto que a extrema direita tentou implementar no Brasil”, completou o presidente brasileiro, lembrando que Chico também foi perseguido e censurado durante a ditadura militar.
Quatro anos em que “o tempo parecia andar para trás”
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o simbolismo da data de entrega do prêmio de 100 mil euros ao cantor e escritor — 24 de abril de 1974 foi o último dia da ditadura salazarista em Portugal, encerrada no dia seguinte com a Revolução dos Cravos.
E ressaltou que, hoje, pouco importa se o prêmio de 2019 só foi entregue em 2023. “Ninguém cuidará de saber a que ano diz respeito. Diz respeito a todos os anos. Esperamos quatro anos como os amigos esperam uns pelos outros”, discursou.
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Por fim, o premiado falou. “Lá se vão quatro anos que o prêmio foi anunciado, e eu me perguntava se já me haviam esquecido”, brincou Chico. “No que se refere ao meu país, quatro ano de governo funesto duraram uma eternidade, porque foi um tempo em que o tempo parecia andar para trás”, acrescentou.
E prosseguiu: “Hoje, porém, reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula”.
Da Redação