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Poeta natural de Catalão lança 15º livro

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06/07/2011. Crédito: Ed Alves/Esp.CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Escritor José Sóter e o lançamento do livro Navegante ao Léu.
Foto: Ed Alves/Esp.CB/D.A Press. Brasil. B

Ele é poeta, professor e militante de várias causas populares inclusive do movimento de rádios comunitárias, já foi agricultor, catador de ferro velho, floricultor e até alfaiate, natural de Catalão de onde partiu para a capital no ano de 1977, onde criou ao lado de alguns outros visionários um movimento batizado de “Poesia “Marginal” e do selo SEMIM Edições para publicações dos livros dos demais poetas da geração mimeógrafo.livro.

Nesse mês de junho, esse cavaleiro das palavras lança seu 15° livro  que leva o título #agrestina, com 260 páginas, aliás ainda luta para lança-lo tendo em vista que realiza uma verdadeira batalha para conseguir patrocínio e apoio para imprimir a obra.

Um  livro de poemas referenciando o Nordeste Brasileiro, região muitas vezes visitada pelo autor que com seu olhar de navegante, traz um pouco daquele lugar e de seus habitantes para os leitores, ele pretende lançar em todas as capitais nordestinas a obra que nos remete um pouco daquele povo hospitaleiro e sofrido.

Quem contribuir para o seu financiamento receberá um exemplar do livro em sua casa, bastando enviar o endereço para o email josesoter@gmail.com.

José Sóter falou ao Blog.

agrestina
Sóter fale para nós um pouco dessa sua trajetória, como a poesia entrou em sua vida?
Olá, Professor Mamede.
Desde criança tenho uma visão poética da vida. Observava detalhes invisíveis para a maioria, principalmente das almas que me cercavam. Assim, cresci percebendo sentimentos à minha volta.
Foi assim, que em 77, ao vir para Brasília, encontrei a ebulição de ideias e de resistência à censura imposta pelo regime militar: cai dentro do olho do furacão da Geração Mimeógrafo e da Poesia Marginal.
Fiz meu primeiro poema publicável nessa época.
Como sou mais da ação, comecei a publicar livros meus e de amigos no mimeógrafo da escola em que lecionava, depois adquiri um mimeógrafo a tinta usado e criei o selo SEMIM Sóter Edições Mimeógraficas, ajudei a criar o grupo Lira Pau Brasilia, pra falar poemas nas escolas e concertos e não parei mais.
A poesia é a minha terapia e meu Karma… rsrsr

É a sua 15° obra, onde busca inspiração?
A poesia está em toda parte. Tudo é poesia, pois é a forma com que se vê é que ela aflora.
por exemplo: pra mim todas as pedrinhas de um cascalho são apenas pedrinhas. Umas mais bonitas, outras menos. Mas, para o garimpeiro não é assim.
O diamante ou qualquer outra pedra preciosa salta aos seus olhos.
Escrevo apenas poemas. alguns encontram poesia neles.

 Em um tempo que se percebe que a poesia, a leitura em si são mais do que necessárias, no sentido de de formar e informar as pessoas, como o poeta Sóter avalia a extinção momentânea do Ministério da Cultura?
Professor Mamede,
A principal arma do totalitarismo e da manipulação é o obscurantismo. Por isso, sempre que se quer dominar um povo, cala-se seus pensadores e artistas, pois esses são libertários.
Por isso acabaram com o Ministério das Ciencias, Tecnologias e Informação, Ministério dos Direitos Humanos, Ministério das Comunicações e o Ministério da Cultura.
 O livro #AGRESTINA traz um pouco do Nordeste para nós, o que encontraremos nele?

E Na verdade não trato diretamente das coisas do Nordeste. São anotações inspiradas durante ou depois de uma viagem à região. E não foram poucas, pois já viajei inúmeras vezes para todos os estados nordestinos e de cada um tenho uma boa referencia, um detalhe, um cenário, um episódio. Por isso resolvi homenagear essa região tão menosprezada politicamente por tantos, que chega a beirar a xenofobia.
O # significa o novo, a novidade e AGRESTINA a tradição, as raízes.

Você é poeta, professor, militante de organizações sociais, acredita que ainda vale a pena lutar e acreditar no Brasil?
Caro Professor Mamede, a espiral histórica nos ensina que nada é finito. Por isso não há final de luta. A luta é contínua, com acento no i. A politica ainda é feita de espertalhões que se utilizam dos que se acham espertos para assumirem o poder de representarem a si mesmos e a seus interesses. Então, enquanto não se mudar essa cultura e os valores que dirigirem uma sociedade não se tornarem valores mais republicanos e igualitários, valerá a pena lutar para diminuir a concentração das riquezas com a distribuição de oportunidades. Não se justifica se posicionar contra os interesses da nossa nação, como está acontecendo agora; não se justifica se posicionar contra os interesses do continente e não se justifica se posicionar contra os interesses de toda a humanidade, que é justamente a garantia da vida no Planeta terra.
Sempre haverá por que lutar.

Você é um dos representantes da chamada poesia marginal, o que vem a ser isso mesmo?
Rsrsrsrs…
Durante a censura do Regime Militar Ditatorial, não se tinha acesso a livros de autores vivos brasileiros. Era muito raro conseguirem driblar a dita cuja. Livros só os “best sellers” estrangeiros a um preço altíssimo, pois como já disse, o obscurantismo é a principal arma dos exploradores, déspotas e ditadores.
Daí, começamos a produzir nossos próprios livros, à margem do mercado editorial. Daí surgiu o termo “marginal” para denominar as edições independentes. Só que isso gerou a aproximação de todos que tinham algo pra falar e se transformou num movimento espontâneo, principalmente de poetas, que foi chamado de “Geração Mimeógrafo” e “Poesia Marginal”.

E o livro será lançado quando e onde?
O Mesmo ainda está em campanha de financiamento solidário na kickante.com.br. Prevejo a sua impressão até 30 de junho e durante o mês de junho estará pronto pra ser lançado. Inicialmente será lançado em todas as capitais do Nordeste e depois deverei lança-lo em outros estados. Um dos meus desejos é lança-lo em Catalão, por ocasião do aniversário da cidade. Não sei se será possível.
Para encerrar, poesia rima com cidadania e democracia?
Mamede, em que pese a criação poética ser uma atividade solitária, do arbítrio, a poesia é a expressão mais libertária que existe. Ela precisa de liberdade total para se realizar. Por isso, sem medo de errar posso dizer que POESIA RIMA COM DEMOCRACIA.