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Violência contra caravana de Lula atinge padre pacifista

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reprodução/ facebook

Padre Idalino Alflen foi agredido durante caravana de Lula no sul do país nesta terça-feira (27)Padre Idalino Alflen foi agredido durante caravana de Lula no sul do país nesta terça-feira (27)

Nesta segunda-feira (26), Idalino estava chegando ao Sindicato dos Eletricitários, onde se realizava o Seminário Internacional da Tríplice Fronteira, no município de Foz do Iguaçu, quando foi surpreendido por algumas pessoas em cima de um telhado arremessando pedras. Uma delas atingiu a cabeça do padre. Na sequência, ele ainda foi atropelado por uma motocicleta.

“Ao descer do carro, eu abri os braços e ele enfiou a moto em cima de mim e me bateu”, recorda Idalino, que coordena o diretório do PT no município de Santa Terezinha do Itaipu. Em depoimento ao portal Brasil de Fato, o padre, apesar da agressão, teve a serenidade de deixar uma mensagem pacifista.

“Não é pela violência que a gente consegue transformar. É o povo ter mais educação, mais respeito, pra que o Brasil seja, de fato, um Brasil respeitando as pessoas e respeitando o ser humano. Eu nunca agredi ninguém nessa vida e agora, simplesmente por abrir o braço, o cara enfiou a moto em cima e me agrediu. Isso é um apelo pro povo brasileiro pra que acabe de fato essa violência. O Brasil deve ser um lugar respeitado democraticamente”, afirmou.   Uma história pacifista
Natural de Manoel Ribas (PR), Idalin Alfleno é uma figura conhecida na região oeste do Paraná. O apelido de Pastel o acompanha desde os tempos de juventude, no seminário de Santa Maria (RS), quando certo dia exagerou no banho de sol e voltou pra casa “bronzeado como um pastel”.

No Rio Grande do Sul, o jovem seminarista estudou a fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Cascavel (PR), em janeiro de 1984, e foi naquela região que ele viria a atuar como padre. A atuação religiosa nunca foi desvinculada da atuação política. Segundo o amigo Jorge Sonda, o padre sempre apostou no trabalho de base para a superação da miséria e das desigualdades. A maior contribuição dele, logo após a ditadura militar, foi ajudar a eleger candidatos do campo popular para levar as demandas dos mais pobres ao Legislativo.

A atuação política cobrou seu preço para o jovem padre. “Ele começou a ser transferido, sempre por pressão das elites. Esteve em várias cidades aqui do oeste, e a última foi Vera Cruz [do Oeste], onde ele foi fundamental na eleição do primeiro prefeito do PT, o Marcos Pescador”, diz Sonda. Além dos movimentos de camponeses, Pastel trabalhou na Pastoral da Juventude, na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e na mobilização dos atingidos pela usina de Itaipu.

Para Luiz Carlos Gabas, reverendo da igreja episcopal anglicana em Cascavel, o padre “é um cara muito comprometido com a transformação da sociedade, muito preocupado com o que vem acontecendo no nosso país no momento presente. E é uma pessoa pacífica, que não tinha por que sofrer tamanha violência”.

Paulino Pereira da Luz, que atua no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), também enaltece essa característica, a ponto de não acreditar que o agressor conhecia a atuação política de Idalino. “As pessoas que tentavam de qualquer forma agredir, sem olhar a quem, eis que simplesmente jogam uma pedra no meio da multidão. E que acertou, infelizmente, esse companheiro de paz, que leva a paz por onde vai”, disse.

A eleição de Marcos Pescador para a prefeitura de Vera Cruz do Oeste (PR), no ano 2000, coincidiu com o “ano sabático” de Idalino – período de afastamento que a igreja concede aos padres a cada quinze anos de atuação. Em vez de apenas descansar, Pastel assumiu um cargo no mandato do prefeito petista. Depois, com a reeleição de Pescador em 2004, o padre permaneceu oito anos na prefeitura coordenando os trabalhos de base. Nesse período, passou a viver com a companheira, Rosali Dutra, com quem tem duas filhas.

 

Rede Brasil Atual