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Mesmo alertado, governo Bolsonaro não apurou possíveis fraudes em auxílio

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Mesmo alertado, governo Bolsonaro não apurou possíveis fraudes em auxílio

 

Aumento desproporcional no número de famílias com uma pessoa chamou atenção de gestores locais. Governo foi informado, mas, em meio às eleições, tudo ficou como estava

 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Apesar de ter sido alertado desde o final do ano passado sobre possíveis fraudes ou erros na concessão do Auxílio Brasil para famílias unipessoais, o governo de Jair Bolsonaro preferiu não apurar a situação durante o período eleitoral. Somente agora, no começo de novembro, o Ministério das Cidades emitiu uma instrução normativa para averiguar esse tipo de pagamento feito nos últimos 12 meses.

Segundo reportagem do UOL, o ministério sabia, via gestores municipais e estaduais, “que havia uma procura desproporcional de famílias com uma pessoa desde o início do ano, o que levanta a suspeita de desmembramento do núcleo para fins apenas cadastrais”.

O número de famílias formadas por apenas uma pessoa recebendo o benefício saltou em cinco milhões em apenas onze meses, o que indica a possibilidade de haver desmembramentos fictícios de famílias com mais membros para a aquisição de mais de um auxílio. Entre o final de outubro de 2021, quando o Bolsa Família passou a se chamar Auxílio Brasil, até setembro deste ano, o percentual de famílias com um único membro passou de 15% para 26%.

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Mesmo havendo necessidade de haver acompanhamento para evitar desvios,  fraudes e erros, a reportagem informou que até essa instrução ser lançada, não havia nenhuma norma de fiscalização para situações como essas. A partir dessa instrução, estados e municípios terão de averiguar os casos e os usuários serão notificados. A fraude pode resultar na perda do pagamento do benefício.

A possibilidade desse tipo de fracionamento familiar decorre de problemas no formato adotado pelo governo Bolsonaro para o Auxílio Brasil. O Tribunal de Contas da União (TCU) está fazendo um levantamento sobre o benefício.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Bruno Dantas, presidente do órgão, em reunião com o vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin, disse que algumas das conclusões do levantamento que vem sendo feito são no sentido de que “o Auxílio Brasil tem incentivado o fracionamento de núcleos familiares para o recebimento de mais recursos”. Tal situação, apontou, “prejudica famílias que não podem ser decompostas, como mães com dois ou três filhos pequenos”.

Apesar dos alertas, trazidos por gestores locais e pela imprensa, o UOL argumenta que o governo federal “não tomou nenhuma ação prática e continuou ampliando o número de beneficiários até a realização do segundo turno das eleições. Sempre que o ministério foi questionado pela coluna em outras oportunidades, ignorou os pedidos e não respondeu sobre o caso”.

E, para piorar, também no período eleitoral, possivelmente como forma de colher frutos através da gestão dos benefícios, o governo Bolsonaro também suspendeu os bloqueios dos benefícios por descumprimento das condicionantes de saúde e educação.

(PL)

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