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Viradouro é campeã no RJ com protagonismo feminino negro

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Viradouro é campeã no RJ com protagonismo feminino negro

 

A agremiação vermelha e branca de Niterói apresentou o samba “Arroboboi, Dangbé”, que trouxe o culto ao vodum serpente como tema central

 

Na comissão de frente, a feiticeira cultua a serpente em meio a guerreiras do Daomé. Rio de Janeiro RJ 13 02 2024- Sambódromo da Marquês de Sapucaí – Viradouro foto Alex Ferro /RioTur

A Unidos do Viradouro conquistou o título de campeã do Carnaval do Rio de Janeiro 2024, alcançando a pontuação máxima de 270 pontos, com nota 10 em todos os nove quesitos avaliados. A agremiação vermelha e branca de Niterói apresentou o samba “Arroboboi, Dangbé”, que trouxe o culto ao vodum serpente como tema central, exaltando a força da mulher negra da Costa da Mina, uma irmandade de guerreiras, e a sabedoria africana.

A história remonta ao século XVIII em Benin, na Costa ocidental da África – atuais – onde o culto nasce por meio durante uma batalha, das guerreiras Mino, do reino Daomé. Elas foram iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. Também foi contado como o culto chegou ao Brasil, em terreiros na Bahia, sob a liderança da sacerdotisa daomeana Ludovina Pessoa, que espalhou a fé nos voduns pelo território.

A escola foi a última a desfilar na segunda-feira (12) e impressionou os jurados com fantasias suntuosas, alegorias fluorescentes e efeitos especiais impressionantes. A comissão de frente da escola também foi um ponto alto, apresentando uma enorme serpente que surpreendeu o público ao deslizar pelo chão da Sapucaí. Para as tradições religiosas, o réptil tem poderes de regeneração, vida, transformação e recomeço. Com elementos criativos e uma narrativa envolvente, a Viradouro encantou os espectadores.

A Viradouro garantiu seu terceiro título no Grupo Especial, tendo sido campeã também em 1997 e 2020. A Viradouro já havia abocanhado o troféu Estrela do Carnaval como melhor desfile. No entanto, o resultado está sujeito a análise devido a um recurso apresentado por quatro escolas – Grande Rio, Mocidade Independente, Beija-Flor e Imperatriz – contra a Viradouro.

As agremiações alegam que a Viradouro violou uma regra ao apresentar uma comissão de frente com mais de 15 componentes, o que contraria o regulamento dos desfiles. A contestação será analisada pela Liesa, Liga das Escolas de Samba do Rio, até amanhã (15). Caso seja punida, a Viradouro dificilmente perderá o título, pois a diferença de pontuação para o segundo lugar foi de apenas 0.7 pontos.

O desfile da Viradouro impressionou pela grandiosidade de suas alegorias, pelos efeitos visuais e pela energia de sua bateria, que teve como rainha a atriz Erika Januza, que se destacou com uma representação impressionante do Takará, um instrumento ritualístico utilizado no culto ao vodum. Erika Januza desfilou como rainha de bateria pelo terceiro ano consecutivo, cativando o público com sua presença e beleza. O samba enredo também foi muito cantado pelo público.

Confira o trecho inicial do samba:
“Eis o poder que rasteja na terra
Luz pra vencer essa guerra, a força do vodun
Rastro que abençoa Agojiê
Reza pra renascer, toque de Adarrum
Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher”.

Apesar da contestação, a Viradouro celebra sua vitória no Carnaval de 2024, consolidando sua posição como uma das principais agremiações do Rio de Janeiro e levando para casa mais um troféu de campeã.

Imperatriz Leopoldinense ficou em segundo lugar, com 267,3 pontos, e a Grande Rio, em terceiro, com 267,2. A Porto da Pedra foi rebaixada para a Série Ouro.

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