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RS enfrenta um dos piores momentos e chuva vai continuar

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RS enfrenta um dos piores momentos e chuva vai continuar

 

Já são 38 vidas perdidas e mais de 24 mil pessoas fora de casa. Governo federal foca ações no salvamento dos atingidos e envia militares, equipamentos e medicamentos

 

Imagem aérea de Venâncio Aires (RS). Foto: reprodução

A situação no Rio Grande do Sul segue dramática após quatro dias de chuvas intensas que caíram no estado. Segundo dados da Defesa Civil, o número de mortos subiu para 38 e o de desaparecidos, para 74. Há, ainda, 56 feridos, além de 24,2 mil pessoas fora de casa. Quase metade dos 496 municípios do estado, 235 no total, foi atingida, afetando mais de 351 mil pessoas. Segundo determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o foco neste momento é  salvar vidas e socorrer os atingidos.

“Como cidadão eu vou rezar para que a chuva não castigue mais pessoas no Rio Grande do Sul. Como governante, farei tudo o que for possível para auxiliar os governos municipais e estaduais a remediar os danos as milhares de famílias”, disse o presidente durante reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB) e ministros, em Santa Maria, nesta quinta-feira (2).

Em entrevista à EBC nesta sexta-feira (3), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, declarou:  “Nunca vi nada parecido. Conheço bastante o nosso estado. Já enfrentei várias situações delicadas, dramáticas. Mas posso assegurar a vocês que nunca houve uma enchente como essa. Quem é gaúcho sempre ouviu falar na famosa enchente de 1941, histórica. Essa enchente que estamos enfrentando vai ultrapassar e muito o que aconteceu no nosso estado em 1941”.

Pimenta reforçou que “todo nosso foco agora está voltado para o resgate. Nós temos ainda centenas de pessoas que estão ilhadas. Infelizmente as condições climáticas dificultam muito o trabalho. Nós estamos 100% focados nesse trabalho. Essa é a orientação do presidente Lula, que não faltem recursos, que não faltem efetivo, total suporte. Prioridade da ação do Governo Federal hoje está voltada para o Rio Grande do Sul”.

Ações imediatas

O governo federal vem ajudando o estado desde o início das emergências enfrentadas pelo povo gaúcho. Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as Forças Armadas, por meio da Operação Taquari II — iniciada na terça-feira (30) —, está atuando com 936 militares, 98 embarcações, 70 viaturas e nove aeronaves. Além disso, um hospital de campanha saiu do Rio de Janeiro, com destino final em Lajeado, um dos municípios mais atingidos, que se encontra sem energia e com hospitais fechados.

O Ministério da Saúde informou que 60 profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Grupo Hospitalar Conceição (GhC) foram mobilizados. Além disso, foram enviadas equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em nota, a pasta também comunicou ter enviado ao estado 20 kits emergência, compostos por 32 tipos de medicamentos e 16 tipos de insumos cada, incluindo luvas, seringas e ataduras. O material é suficiente para atender até 30 mil pessoas por um período de 30 dias.

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Um Centro de Operações de Emergência (COE) também será instalado, para permitir a “análise de dados e informações para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos, na definição de estratégias e ações adequadas para o enfrentamento de emergências em saúde pública”, destacou o MS.

Segundo informou o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, os pagamentos do Bolsa Família para beneficiários que vivem nas regiões atingidas pelas enchentes

serão facilitados e antecipados para 17 de maio.

Além disso, dos R$ 325 milhões já repassados aos municípios e ao governo do RS pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional em razão das chuvas, R$ 98 milhões foram para construção e reconstrução de pontes.

Outra medida tomada pelo governo federal diz respeito ao envio de 20 antenas emergenciais para apoio às equipes de resgate, centros de comando de crise, hospitais de campanha e abrigos com internet de banda larga nas regiões atingidas pelas enchentes.

Situação calamitosa

Nesta sexta-feira (3), conforme vinha sendo previsto, o nível do lago Guaíba atingiu 4,5 metros, inundando ruas do Centro de Porto Alegre, mesmo com o fechamento das comportas do Cais Mauá. Entre outros pontos, as águas chegaram à rodoviária e às estações de trem.

O recorde da inundação de 1941, quando chegou a 4,76 m, tende a ser quebrado ainda hoje, já que projeções apontam a possibilidade de as águas chegarem a 5 metros.

O aumento no nível do Guaíba, onde desembocam vários outros rios da região, piora a situação de pessoas que vivem, sobretudo, na região das Ilhas de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba e Barra do Ribeiro. No entanto, além do centro, a região Sul tem potencial de ser afetada, assim como a Zona Norte — uma das comportas rompeu e a água vai invadir bairros dessa região.

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A Defesa Civil emitiu alertas para regiões do estado com maior risco para inundação, entre as quais as próximas aos rios Caí; Gravataí; dos Sinos, Ibirapuitã; Jacuí e Taquari.

Segundo informações do governo do estado, ao todo, há 25 mil pontos sem energia (1,4% do total de clientes) na área de responsabilidade da CEEE Equatorial e 255 mil (8,2% do total de clientes) da RGE Sul. Além disso, mais de 300 mil clientes da Corsan estão sem água (10% do total). Há, ainda, 147 trechos em 68 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.

De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), pelo menos 19 barragens estão em estado de alerta ou atenção incluindo a da Usina de Geração de Energia 14 de Julho. Parte de sua estrutura, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na serra gaúcha, a cerca de 170 quilômetros de Porto Alegre, se rompeu no início da tarde desta quinta-feira, potencializando o risco da elevação do nível do rio Taquari causar inundações e enchentes em ao menos sete cidades já afetadas (Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado).

As áreas de influência de cinco das 14 estruturas monitoradas pela Sema estão em processo de evacuação. São elas: barragem Santa Lúcia, em Putinga; barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul; barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.

Ainda de acordo com a secretaria estadual, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) estão acompanhando a situação de outras cinco barragens de geração de energia elétrica em estado de atenção em Passo Fundo; Erval Seco; Santa Maria do Herval; São Francisco de Paula e entre Bento Gonçalves e Veranópolis.

Além da 14 de Julho, outras três barragens estão em situação crítica: a usina hidrelétrica de Bugres, no município de Canela; barragem do Arroio Barracão, em Bento Gonçalves; e barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra.

O estado segue em alerta porque as chuvas continuam nesta sexta-feira e, mesmo diminuindo em algumas áreas, até domingo (5) as chuvas podem superar os 100 mm entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. O tempo deve ficar mais firme no início da semana, mas podem retomar a partir de quarta-feira.

 

Com agências